Anatomia Patológica no Câncer de Mama
Publicado em: 03/05/2020, 10:00
Caso queira saber mais sobre o Câncer de Mama, você pode acessar nosso artigo “Câncer de Mama, Prevenção e Autoexame”
Tipos de biópsia de Mama
A biópsia nada mais é que a obtenção de fragmentos de tecido de mama para a análise patológica. pode ser obtida pelos seguintes métodos:
Core biopsy ou Biopsia por Agulha Grossa: Por meio de uma agulha grossa são obtidos fragmentos alongados da mama.
Mamotomia: Método de biópsia assistida a vácuo, se aplica nos casos de nódulos muito pequenos e não palpáveis.
Biópsia cirúrgica: Indicada quando os resultados da biopsia por agulha ou mamotomia não permitiram um diagnóstico definitivo, ou para alguns casos específicos. Há possibilidade de remover parte do nódulo ou o nódulo total.
A Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF) é um método para obtenção de células isoladas, por isso não é possível a realização de exame imuno-histoquímico nem a avaliação do tecido como um todo. Sua aplicação principal é na diferenciação de cistos e nódulos sólidos, sendo muito utilizada também na análise de linfonodos.
Figura: Biópsia cirúrgica excisional: Remoção do tumor na íntegra (1); PAAF: Obtenção de células isoladas (2); Core biopsy: Obtenção de fragmentos cilíndricos de tecido (3); Biópsia por mamotomia (4).
Através da anatomia patológica é possível analisar a estrutura do tecido da mama e se houve invasão ou metástase e mediante aos critérios microscópicos foram estabelecidas classificações morfológicas, sendo, alguns considerados especiais por serem mais raros (correspondendo de 0,5 a 6% dos casos). É possível também a combinação desses tipos de câncer em um só tumor, categorizados como “mistos”.
Carcinoma lobular invasivo (1) Carcinoma ductal invasivo / Ca invasivo SOE (2)
Exame anatomopatológico
O exame anatomopatológico consiste na avaliação das células, tecidos e órgãos de forma macroscópica (visualização e avaliação a olho nu) e microscópica, com o auxílio de um microscópio óptico de luz.
As amostras são coletadas por meio de biópsias ou procedimento cirúrgicos de pequeno, médio ou grande porte.
Essas amostras, partes de um órgão ou lesão, como nas biópsias, ou mesmo órgãos inteiros, como na apendicectomia, são enviados ao laboratório imersos em formol para serem analisados.
O exame consiste nas seguintes fases, após chegar ao laboratório:
1 – Exame macroscópico – visualização, análise, pesagem, clivagem (corte), amostragem (seleção das áreas de interesse) e descrição do material no laudo;
2 – Processamento do tecido – o material amostrado é colocado em pequenos compartimentos (como caixas) plásticas, chamadas de cassete, e enviadas para um equipamento, o processador de tecidos. Este equipamento vai desidratar o material e fazer a infusão de parafina, para que a amostra fique rígida o suficiente para permitir um corte extremamente fino e preciso.
3 – Inclusão – o material, após processado, é incluído em bloco de parafina. Utilizando-se de formas pequenas, o material é posicionado e adicionado parafina, que ao secar forma um bloco.
4 – Corte – depois de formado o bloco de parafina, o material vai para o corte, que é feito por um equipamento chamado micrótomo. A amostra é cortada em fatias muito finas, cerca de 5 micrometros, tão fino que permite a passagem da luz. Para se ter uma ideia um fio de cabelo tem de 50 a 120 micrometros. Esses cortes finos são colocados em lâminas histológicas (lâminas de vidro).
5 – Coloração – para que seja possível a visualização, é necessário que as células e alguns componentes sejam corados, ou ficariam translúcidos ao microscópio, impedindo sua visualização. Após a coloração uma lamínula (lâmina bem fina de vidro) é colocada por cima, como revestimento.
6 – Microscopia – Após corado o tecido e a lâmina montada, o material está pronto para ser visto ao microscópio. O Médico Patologista Cirúrgico – ou Anatomopatologista, especialista na neste tipo de análise é quem avalia e libera o laudo.
Tipos de Câncer de Mama
Categoria in situ: sem invasão ou metástase
Carcinoma ductal in situ: Localizada nos ductos mamários, não há migração das células neoplásicas para outros tecidos ou metástase. Têm um melhor prognóstico e, na maioria dos casos o tratamento é cirúrgico e/ou radioterápico, e as vezes podem ser complementados com drogas antihormonais a depender do resultado do estudo imuno-histoquímico.
Categoria invasivo: potencial de invasão a tecidos vizinhos e metástase
Carcinoma invasivo sem outras especificações - SOE: Corresponde a mais de 75% dos carcinomas invasivos de mama, possui potencial metastático alto e o tratamento depende do estágio do tumor e do tipo molecular avaliado pelo estudo imuno-histoquímico. Anteriormente a classificação utilizada era carcinoma ductal invasivo, mas apesar de ser substituída essa nomenclatura ainda é útil na prática clínica.
Carcinoma lobular invasivo: Este tipo corresponde a cerca de 10% dos carcinomas invasivos da mama, se inicia na parte lobular da glândula (onde é produzido o leite). É difícil de ser detectado no exame clínico e nos exames de imagem. O tratamento depende do estágio do tumor e do subgrupo molecular avaliado pelo estudo imuno-histoquímico
Há também alguns tipos mais raros que se enquadram na categoria de carcinoma invasor: Cístico adenóide, metaplásico, medular, mucinoso, papilífero e tubular.
O tratamento do câncer de mama pode ser cirúrgico, por quimioterapia, radioterapia, imunoterapia ou terapia alvo (terapia molecular dirigida), a depender do tipo de tumor e de uma série de outros fatores que serão levados em consideração pelo oncologista.
Neste ponto temos o diagnóstico do Câncer de Mama e seu tipo histológico (avaliado no exame anatomopatológico). Contudo, para o tratamento adequado, ainda é necessária a realização de um exame complementar, chamado Imuno-Histoquímica.
Este exame determinará o tipo molecular do Câncer de Mama, e permitirá ao médico oncologista selecionar o melhor tratamento.
Quer saber mais, leia nosso artigo “Exame Imuno-histoquímico no Câncer de Mama”.