Citologia em Meio Líquido
Publicado em: 21/10/2020, 14:32
Exames
Papanicolau em Meio Líquido
O câncer de colo de útero é considerado um grave problema na saúde pública mundial, principalmente em países em desenvolvimento. É a quarta maior causa de morte por câncer entre mulheres e o quarto tipo mais comum entre elas. No Brasil a estimativa é de 16590 casos até o ano de 2022.
O papel do HPV no câncer de colo de útero
O Papilomavirus Humano (HPV) é um grupo de vírus que possui afinidade por epitélios e mucosas, sendo transmitido através do contato. Existem mais de 100 tipos de HPV e cerca de 40 deles infectam a região genital.
A infecção persistente dos tipos genitais é considerada como o principal fator de risco para o câncer de colo de útero e caracteriza uma infecção sexualmente transmissível (IST). Existem subtipos de baixo risco, causadores de verrugas genitais, e subtipos de alto risco, os quais podem levar ao desenvolvimento do câncer.
Outros fatores de risco
Na maioria das vezes a infecção pelo HPV regride espontaneamente, mas mediante a outros fatores ligados à imunidade, genética e comportamento sexual, pode ocorrer o desenvolvimento do câncer de colo uterino. Alguns desses fatores são:
- Tabagismo
- Iniciação sexual precoce
- Múltiplos parceiros sexuais
- Multiparidade
- Uso de contraceptivos orais
Prevenção
O desenvolvimento deste tipo de câncer é lento e gradual, de modo que as alterações de potencial maligno podem ser detectadas precocemente através do exame preventivo, a colpocitologia ou papanicolau, método de escolha para o rastreamento do câncer de colo útero.
O método de papanicolau convencional consiste na coleta de células da ectocérvice e endocérvice, seguida pela disposição em lâminas de vidro e fixação do material. Apesar de ser bem estabelecido nos programas de rastreamento, possui limitações que podem resultar em amostras insatisfatórias ou resultados falso-negativos, sendo elas:
- Sobreposição de células;
- Presença de interferentes, como hemácias, células inflamatórias, muco, dentre outros;
- Dessecamento do material quando há uma fixação inadequada;
- Baixa sensibilidade (pequeno número de células permanece na lâmina).
A Citologia em Meio Líquido
- Desenvolvida no intuito de diminuir as limitações da citologia convencional, a Citologia em Meio Líquido permite a otimização do exame em diversos aspectos, como:
- Redução de casos falso-negativos
- Maior sensibilidade, sobretudo na detecção de lesões de alto grau
- Pouco ou nenhum desperdício do material coletado, evitando perdas indesejáveis de amostra celular;
- Ausência de problemas com fixação;
- Maior sensibilidade (Redução de resultados falso-negativos);
- Possibilidade de testes moleculares na mesma amostra;
- Baixo índice de insatisfatoriedade;
- Padronização do preparo técnico, possibilitando a confecção de lâminas com material em monocamada.
A introdução da Citologia em Meio Líquido resultou em uma redução de casos insatisfatórios de cerca de 9% para 1 a 2%
Painel IST e Citologia em Meio Líquido
Muitos ginecologistas solicitam nos exames de rotina além da citologia ginecológica, exames complementares para o diagnóstico de ISTs. Com o advento da citologia em meio líquido uma das principais vantagens é a possibilidade da realização de testes moleculares e papanicolau na mesma amostra.
Em um mesmo frasco é possível realizar, além do papanicolau, a pesquisa de: Chlamydia trachomatis; Trichomonas vaginalis; Neisseria gonorrhoeae; Mycoplasma genitalium; Ureaplasmas.
Para ler mais sobre as metodologias utilizadas na Citologia em Meio Líquido, clique aqui
Referências
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