Dai graças à vida
Publicado em: 27/10/2022, 09:31
“Dando graças à vida”, foi dessa forma que a paciente Suzete da Silva Rocha, a Suzy, venceu o segundo diagnóstico de câncer aos 38 anos. Com uma leveza interior e uma alegria contagiante, não esconde sua batalha de oito anos contra o câncer de mama.
Sem o hábito de realizar exames preventivos, assim como muitas de nós, Suzy acreditava que a doença atingia somente mulheres mais velhas, com mais de 50 anos. No entanto, embora raro, quem tem menos de 40 anos também corre o risco de desenvolver a doença. Nesses casos, por hereditariedade ou outros fatores.
Foi em outubro de 2014, aos 31 anos de idade, que teve um gatilho no sinal de trânsito sobre a importância do diagnóstico precoce quando a caminho do trabalho, comprou uma camiseta da campanha Outubro Rosa.
“A campanha salvou minha vida!”, ressaltou. O destino, à sua maneira, mostrou-lhe os sinais. Conscientizada sobre a importância de observar alterações no corpo que pudessem indicar os sintomas, Suzy fez seu primeiro autoexame em casa, enquanto tomava banho. Foi, então, ao apalpar os seios, que veio o susto: sentiu um nódulo pequeno.
Essa constatação por meio do toque era ainda mais difícil para ela, pois há cerca de um ano, havia colocado implante. No caso de Susy, como as próteses foram colocadas por baixo do músculo mamário, ainda conseguiu sentir o nódulo ao apalpar.
No primeiro exame de imagem, foi observado que o nódulo era benigno com 1,4 cm de tamanho. Mas, infelizmente, no final daquele ano de 2014, o caroço progrediu para 5 cm. A cirurgia foi a solução crucial para removê-lo.
Para a retirada do nódulo, Suzy passou pela cirurgia de quadrantectomia, e a biópsia concluiu o estado cancerígeno. A partir de então, recorreu aos tratamentos de radioterapia e 16 longos ciclos de quimioterapia, alcançando a cura em dezembro de 2015.
A detecção precoce é importante para iniciar a investigação e tratamentos. Quando o câncer de mama é detectado no estágio inicial, a chance de cura é maior. “Tive o apoio familiar e de amigos, que me fizeram pertencente à sociedade, mesmo com limitações ou diferença na aparência física”, relatou.
Da cura à descoberta de um novo câncer
Suzy se mantinha firme e forte após vencer o câncer. Ao longo dos anos ela prosperou, entrou para o curso de Biomedicina, casou-se e teve dois filhos e foi aí que, cinco anos depois, em 2021, no ano de pandemia, mais uma vez o medo tomou conta. Além de ter sido diagnosticada com a covid-19, logo depois veio a suspeita de um novo câncer.
“Conhecer seu corpo é fundamental para o diagnóstico precoce. Suspeitei porque apareceu uma lesão tipo dermatite. Aí corri ao médico. Como não cicatrizou, ele pediu uma biópsia. ", explicou Suzy. A lesão apareceu na mesma mama em que havia sido tratada anteriormente.
A biópsia mais uma vez confirmou. “Era um subtipo da doença sem receptor hormonal, ou seja, um novo câncer em uma nova célula se desenvolveu sem relação com o anterior”, explicou.
Durante todo o tempo, estudou o câncer de mama e o uso de próteses nos seios e tomou conhecimento sobre a doença do silicone, conhecida por Síndrome Asia, vários casos de mulheres, que assim como ela, submeteram-se ao procedimento estético e tiveram câncer. Em setembro deste ano, a Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, alertou sobre o risco de câncer após implante de silicone.
"Não existem coincidências. Existem propósitos. Todo o tratamento é para minha cura total. Em tudo dava graças a Deus", relatou. O ato de agradecer estava em uma de suas passagens bíblicas favoritas.
Com a descoberta do segundo câncer, teve que ceder a seis ciclos de quimioterapia como prevenção de novas células cancerígenas circulantes pelo corpo. Foi aí que Suzy tomou a difícil decisão de optar pela retirada de ambos os seios, a mastectomia bilateral, como forma de se sentir mais segura.
“Achei que tirando tudo, eu ficaria mais tranquila. Coloco um top com bojo e vamos que vamos. A vida é tão mágica para vivermos alienadas ao que a sociedade impõe. Somos lindas da maneira que somos”, pontuou.
Pensar positivo e ter apoio é fundamental
Hoje ela trabalha como designer de sobrancelhas. Como uma forma de incentivar outras mulheres a realizarem exames de prevenção, passou a relatar nas redes sociais a luta contra a doença e a diferença de enxergar o problema por outros ângulos. “Claro que não é fácil, mas é um trabalho diário que você tem que fazer para superar todos os obstáculos e as adversidades”, desabafou.
Emumadaspostagensemsuaredesocial,Suzyregistrouo marido, Alessandro, raspando a cabeça dela e também a dele em um gesto precioso de amor e apoio à mulher.“Não é fácil a rotina de umpaciente oncológico”, disse ela sobre o marido, que esteveao lado deladesde o primeiro diagnóstico.
Feliz, hoje, Suzy compartilha sua vitória. "Há três semanas fiz uma biópsia de cistos na axila e não era nada. Gratidão!". Neste mês de outubro, completou um ano desde sua última quimioterapia e a remoção das mamas.
"O diagnóstico precoce é a coisa mais importante do mundo. Se cuidem. Façam o autoexame, façam os exames anuais e semestrais. Eu optei por tirar as mamas, porque era uma opção segura pra mim". De fato, ela queria ficar despreocupada e agora se sente bem consigo.
Suzy segue com exames rotineiros a cada três meses e aproveita a vida ao lado da família, agradecendo a eles por permanecerem sempre juntos. Venceu duas batalhas com fé e amor à vida do princípio ao fim.