Febre Maculosa: o que é, quais os sintomas e como tratá-la
Publicado em: 23/08/2023, 10:30
Há mais de 20 anos, a Febre Maculosa tornou-se parte da lista de notificação compulsória no Brasil. Na prática, isso significa que a doença deve ser obrigatoriamente comunicada às autoridades de saúde pública.
Entre 2007 e 2021, o país teve 36.497 casos notificados. Destes, 7% foram confirmados, o que nos deixa uma média de 170 ocorrências por ano, considerando esse período específico.
Todos esses números nos alertam para um fato: compreender essa enfermidade é crucial, uma vez que suas complicações podem ser graves, especialmente em casos nos quais o diagnóstico é feito tarde demais.
Para descobrir o que é a Febre Maculosa, suas formas de transmissão, sintomas, diagnóstico e tratamento, siga conosco neste artigo!
O que é a Febre Maculosa?
A Febre Maculosa é uma doença febril aguda, infecciosa e de gravidade variável. Ou seja, apresenta desde casos leves até manifestações graves, o que a torna potencialmente letal.
Sua origem está em uma bactéria da família Rickettsia e, em seres humanos, os sintomas costumam aparecer dentro de 2 a 14 dias. Dada a sua periculosidade, em caso de febres altas, dores de cabeça intensas, calafrios e dores musculares, é imprescindível que se busque assistência médica imediatamente.
Como ela é transmitida?
As picadas de carrapatos são as responsáveis pela Febre Maculosa. Entretanto, não se tratam dos tipos comuns, normalmente encontrados em animais de estimação (embora estes também possam carregar a bactéria).
Seu transmissor é, na verdade, o carrapato-estrela (Amblyomma cajennense), frequentemente identificado em bois, cavalos, coelhos, gambás, aves domésticas e capivaras.
No Brasil, há duas variações associadas aos quadros clínicos da doença:
- Rickettsia rickettsii: registrada frequentemente nos estados do Paraná, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. É conhecida por causar a Febre Maculosa Brasileira (FMB), considerada grave.
- Rickettsia parkeri: as consequências dessa variável são menos graves. Seu aparecimento é mais frequente nas regiões que abrangem a Mata Atlântica, como o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Ceará.
Em geral, a Febre Maculosa é transmitida por carrapatos infectados que passam pelo menos quatro horas fixados na pele das pessoas. As espécies mais jovens e menores são as mais perigosas, já que são mais difíceis de serem vistas.
Não existem casos, aliás, de transmissões ocorridas de pessoa para pessoa.
Principais sintomas da Febre Maculosa
Os sintomas mais frequentes da Febre Maculosa são:
- Febre;
- Dor de cabeça intensa;
- Náuseas e vômitos;
- Diarreia e dor abdominal;
- Dor muscular constante;
- Gangrena nos dedos e orelhas;
- Paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões, causando paragem respiratória.
Ao evoluir, a doença ainda causa o aparecimento de manchas vermelhas nos pulsos e nos tornozelos. Embora elas não cocem, aumentam gradativamente em direção às palmas das mãos, aos braços e às solas dos pés.
Como é feito o seu diagnóstico?
Realizar o diagnóstico da Febre Maculosa em seu estágio inicial é uma tarefa difícil. Afinal, seus sintomas principais se assemelham bastante aos de outras doenças, como dengue, malária, sarampo, meningite e pneumonia.
Identificar os seus sinais geralmente requer que o médico em questão investigue se o paciente esteve em locais de mata, florestas, fazendas, trilhas ou qualquer ambiente propício para o aparecimento de carrapatos.
Alguns testes laboratoriais, é claro, são indispensáveis para o diagnóstico específico da Febre Maculosa. Entre eles:
- Reação de imunofluorescência indireta (RIFI): é capaz de detectar a presença de anticorpos contra a bactéria, por meio da coleta de sangue.
- Exame de imunohistoquímica: serve para identificar a bactéria da doença em amostras de tecidos coletadas a partir de biópsias das lesões da pele;
- Técnicas de biologia molecular: são realizadas a partir de amostras de sangue e tecidos de biópsia, utilizadas para detectar o material genético da bactéria.
- Isolamento da bactéria: para isso, precisa-se do sangue (coágulo), de fragmentos de tecidos (pele e pulmão, obtidos por biópsia) ou de órgãos (baço e fígados, obtidos por necrópsia). O carrapato retirado do paciente também pode servir aqui. A bactéria, então, deverá ter seu crescimento acompanhado em um meio de cultura.
Além dessas opções, há testes laboratoriais indicados para o diagnóstico inespecífico e complementar da Febre Maculosa:
- Hemograma: sua função é detectar alterações no padrão das células sanguíneas, como anemia ou diminuição de plaquetas.
- Enzimas: caso estejam aumentadas no corpo, indicam a presença de alguma infecção.
Exames do tipo podem levar semanas para terem seus resultados prontos. Por essa razão, quando há suspeita da doença, o ideal é que o médico inicie imediatamente um tratamento com antibióticos.
Afinal, quanto mais cedo o problema for detectado e tratado, maiores são as chances do paciente evitar complicações e sobreviver.
A Febre Maculosa tem tratamento?
Felizmente, sim: o tratamento da Febre Maculosa é feito a partir do uso de um antibiótico específico e deve ser iniciado antes dos resultados laboratoriais, para evitar complicações mais graves e até mesmo a morte do paciente. Assim que os sintomas aparecerem, a recomendação é que um médico seja procurado imediatamente.
Em alguns casos, a internação é necessária. O atendimento, então, é aplicado por um período de sete dias e mantido por mais três após o término da febre.
Como prevenir a Febre Maculosa?
De forma geral, a melhor maneira de prevenir a ocorrência de Febre Maculosa é impedindo que o carrapato permaneça em contato com o corpo. Assim, algumas medidas de prevenção podem ser úteis, tais quais:
- Use repelentes de insetos;
- Evite andar em locais com grama ou vegetação alta;
- Ao caminhar em áreas arborizadas, matas e florestas, use calças, botas e mangas compridas;
- Prefira roupas claras (como esse parasita tem cor escura, isso ajuda na sua identificação);
- Verifique se você ou seus animais têm algum carrapato fixado em seus corpos;
- Se identificar um parasita na pele, não o aperte nem o esmague. Remova-o com uma pinça e lave a área mordida com álcool, ou sabão e água.
Lembre-se: quanto mais rápido o carrapato for retirado do corpo, menor será o risco de contrair a doença. Quanto às roupas, lave-as em água fervente para que a sua higienização seja completa.
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Sabia que, no primeiro semestre de 2023, um surto de Febre Maculosa em Campinas (SP) colocou as autoridades sanitárias em estado de alerta? Por isso, se informar sobre a doença e prevenir a sua disseminação é a melhor maneira de impedir que os seus transmissores façam mais vítimas em nosso país.
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