Imuno-histoquímica no Câncer de Mama
Publicado em: 04/05/2020, 07:16
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O exame de imuno-histoquímica para tumores mamários utiliza uma painel específico de anticorpos que indicam o prognóstico do câncer de mama e auxiliam na determinação do tratamento. Por meio deste exame, é possível definir o perfil molecular tumoral, ou seja, determinar o tipo de mutação genética e as proteínas expressas, possibilitando assim uma conduta terapêutica personalizada.
O painel prognóstico de mama inclui anticorpos para: Receptor de Estrógeno (RE), Receptor de Progesterona (RP), Receptor 2 do Fator de Crescimento Epidérmico Humano (HER-2) e Proteína ki-67. Na técnica é possível quantificar a expressão dessas proteínas.
Sabe-se que os tumores que expressam RE e RP são menos agressivos, com melhor prognóstico e respondem bem a terapias hormonais, estes correspondem a cerca de 70% dos carcinomas de mama. O índice destes tipos de carcinoma é bem menor em mulheres jovens, onde os tumores tendem a ser mais agressivos e ligados à superexpressão de HER-2. Nestes casos há melhor resposta nos tratamentos à base de doxorrubicina.
A superexpressão da proteína HER-2, está intimamente associada aos carcinomas de mama de alto grau histológico e alto índice proliferativo, determinando um pior prognóstico, comparado aos que expressam receptores hormonais.
A proteína ki-67 é codificada pelo gene MKI67 (marcador de proliferação ki-67), e é um marcador biológico que indica proliferação tumoral. Sua avaliação de maneira isolada não é usual nos diagnósticos de câncer de mama, porém as classificações imuno-histoquímicas incluem a avaliação de sua expressão, que é determinante para a diferenciação entre os subtipos luminal A e luminal B, da classificação molecular.
Classificação molecular dos tumores de mama:
Luminal A: Representa 60% dos carcinomas de mama e têm um melhor prognóstico. Na imuno-histoquímica apresentam positividade para RE e/ou RP e negatividade para HER-2, sendo o índice de ki-67 menor que 14%. Em sua maioria, trata-se de tumores de baixo grau histológico e são responsivos a terapias-alvo à base de tamoxifeno e inibidores de aromatase.
Luminal B: Em sua maioria possuem receptores hormonais em baixos níveis, expressam genes associados ao HER-2 e maior número de genes de proliferação celular, como o ki-67, levando a um pior prognostico. A expressão de HER-2 e ki-67, é diagnóstico diferencial para esse subtipo. Os tumores são mais responsivos a antiestrogênicos do que os do tipo luminal A.
Superexpressão de HER-2: Os tumores desse subtipo superexpressam HER-2 e são negativos para receptores hormonais, possuem o segundo pior prognostico em relação aos demais. Há uma elevada taxa de recorrência, mas a terapia-alvo com trastuzumabe melhora o prognostico
Triplo negativo / Basaloide: Têm como característica a expressão de vários genes expressos em células basais, são de alto grau histológico e possuem alto índice mitótico. Apresentam negatividade para receptores hormonais e para superexpressão de HER-2 além de baixa expressão de BRCA1. Na imuno-histoqúimica possuem um padrão triplo negativo pois há ausência de imunomarcação para RE, RP e HER-2, porém podem apresentar positividade para citoqueratina 5 ou 5/6 e para receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR).