Exames para Novembro Azul - DB Patologia
Publicado em: 19/11/2020, 13:20
Em 2003 foi criado na Austrália o movimento “Novembro Azul”, com o objetivo de promover a conscientização para a prevenção e diagnóstico das doenças que afetam os homens, com uma atenção especial ao câncer de próstata. Desde então, muitas campanhas ao redor do mundovêm demonstrando a importância do cuidado da população masculina em relação à sua saúde.
O portfólio de exames do DB inclui anatomia patológica, imuno-histoquímica, citopatologia e exames moleculares, que são fundamentais na prevenção e diagnóstico das doenças masculinas.
Câncer de Próstata
No Brasil e no mundo, não considerando os carcinomas de pele, o câncer de próstata é o mais incidente nos homens.Sua taxa de incidência é crescente e maior em países desenvolvidos, fatores como aumento da expectativa de vida e evolução dos métodos diagnósticos podem ser alguns dos motivos.
·Fatores de risco e Prevenção
Cerca de 75% dos casos de câncer de próstata ocorre a partir dos 65 anos de idade,suas causas não são totalmente esclarecidas, mas envolve fatores genéticos e comportamentais, de modo que hábitos de dieta, consumo excessivo de álcool e comorbidades como: diabetes, hipercolesterolemia e obesidade, são considerados fatores de risco.Também não há uma definição em relação à sua prevenção, mas hábitos de vida mais saudáveis podem ser considerados como maneiras de se prevenir contra a doença.
·Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico é feito através de um conjunto de exames que vão confirmando a suspeita, normalmente se inicia com o exame de dosagem sanguínea do Antígeno Prostático Específico (PSA-Prostate-SpecificAntigen)e exame clínico (toque retal), quando considerado suspeito o médico pode solicitar a biópsia da próstata e exames de imagem.
O anatomopatológico, por meio de biópsia/cirurgia, é o exame capaz de confirmar ou descartar a suspeita de carcinoma de próstata.A imuno-histoquímica também pode ser essencial para o fechamento do diagnóstico, pois em alguns casos o exame microscópico por si só não permite a identificação de alguns tipos celulares.
O anatomopatológico, por meio de biópsia/cirurgia, é o exame capaz de confirmar ou descartar a suspeita de carcinoma de próstata.A imuno-histoquímica também pode ser essencial para o fechamento do diagnóstico, pois em alguns casos o exame microscópico por si só não permite a identificação de alguns tipos celulares.
Corte histológico exibindo adenocarcinoma de próstata
Lesão de alto grau de próstata (PIN) de padrão micropapilar
Para tumores localizados os tratamentos adotados podem ser: Cirurgia (prostatectomia radical); radioterapia; vigilância ativa(monitoramento por meio de exames e consultas para evitar ou postergar o tratamento cirúrgico ou radioterápico) e terapia de privação de andrógeno (hormonioterapia). Já para tumores metastáticos o prognóstico é pouco favorável e as chances de cura pequenas e o tratamento envolve terapia direcionada e cuidados paliativos.
Para mais informações a respeito do câncer de próstata e seu diagnóstico, leia também nosso material técnico:
Imuno-histoquímica - Painel de próstata
Mitos e Verdades sobre o Câncer de Próstata
Todos os homens com idade adulta devem realizar anualmente o rastreamento do câncer de próstata através dos exames de PSA e toque retal
Mito:Não há evidências de que o rastreamento do câncer de próstata traga mais benefícios do que riscos, por esse motivo o INCA não recomenda sua realização de maneira generalizada. Os métodos de rastreamento são indicados a pacientes pertencentes a grupos de maior risco. O PSA, o exame de toque retal, bem como exames radiológicosdevem ser realizados na presença de sintomas ou a critério do médico urologista, com a finalidade de permitir o diagnóstico precoce da doença.
O câncer de próstata afeta apenas homens idosos.
Mito: Embora acometa muito mais os homens idosos, há relatos em pacientes com idade inferior a 55 anos. Estudos demonstram que o curso da doença é diferente, quando se comparamcasos com início precoce (antes dos 55 anos) e casos com início tardio (não considerando homens acima de 80 anos de idade), pois em homens mais jovens com câncer de próstata em estágios avançados há uma maior causa específica de mortalidade e fatores genéticos fortemente associados
Apesar de grave,um menor número de homens tem morrido em decorrência à doença.
Verdade:Em todo o mundo a taxa de mortalidade do câncer de próstata tem se mostrado em declínio, o que pode ser explicado pelas novas abordagens diagnósticas e evolução de descobertas no tratamento.Esses fatores junto ao fato de sua evolução ser lenta nos depara com um cenário de maior probabilidade de mortes dos pacientes por doenças concomitantes.
Nem todos os casos de câncer de próstata requer tratamento
Verdade: O tratamento do câncer de próstata depende de uma série de fatores que devem ser levados em consideração pelo médico, como: idade, sinais e sintomas, estado geral de saúde do paciente e grau de acometimento e severidade do tumor. A conduta pode ser baseada no tratamento ativo ou no monitoramento do paciente, onde o médico avalia a evolução do câncer e intervém quando necessário.
O tratamento do câncer de próstata pode causar impotência sexual e incontinência urinária
Verdade: A impotência sexual e a incontinência urinária podem ocorrer após o tratamento do câncer de próstata, porém muitos homens com bom desempenho sexual antes do tratamento apresentam boa função após. Alguns pacientes podem apresentar impotência moderada a severa, mas a maioria apresenta pequenas perdas de função sexual que geralmente voltam ao normal após meses. Em relação à incontinência urinária, a maioria dos pacientes evolui bem ou não apresenta. Deve-se levar em consideração, que a idade pode ser um fator de propensão a essas complicações e os métodos de tratamento bem como a combinação deles também são pontos chave.
PSA alterado é diagnóstico conclusivo de câncer de próstata
Mito:Lesões pré cancerígenas e hiperplasias prostáticas benignas podem levar ao aumento dos níveis de PSA no sangue. Apesar de extremamente importante no diagnóstico do câncer de próstata, o PSA por si só não é suficiente para o diagnóstico de câncer de próstata, para confirmação, é necessária a solicitação do exame anatomopatológico (biópsia), geralmente feita juntamente a exames de imagem.
Considerações e novidades no diagnóstico e tratamento do câncer de próstata
Apesar de já existirem protocolos de tratamento e condutas clínicas definidas, muitos estudos vêm sendo realizados para a atualização de informações, buscando cada vez mais melhorias na terapêutica.
Há algumas evidências de que o exame de toque retal e/ou dosagem de PSA detectam casos de câncer de próstata que podem nunca causar problemas clínicos, e de certa maneira o rastreamento pode levar a condutas terapêuticas com consequências desnecessárias, considerando o curso lento de progressão da doença e a ausência de sintomas na grande maioria dos casos.
A quimioprevenção pode ser uma alternativa interessante no tratamento do câncer de próstata, o uso de dudasterida e finasterida pode levar a uma redução em sua incidência (em ensaio clínico o uso de finasterida a longo prazo apresentou uma redução de 6%, comparado a placebo), mas não há evidências de sua interferência na redução na mortalidade, não havendo diferenças significativas na comparação ao placebo. É importante ressaltar que o Food na DrugAdministration (FDA) não recomenda o uso destes agentes para a quimioprevenção do carcinoma de próstata, pois ainda estão em fase de estudo. Para o aumento da sobrevida, quimioterápicos como docetaxel e cabazitaxel tem mostrado bons resultados.
O uso das chamadas “vacinas” também se encontra em fase de estudo e tem o objetivo de estimular a resposta do sistema imunológico às células cancerígenas, como a sipuleucel-T.
Pembrolizumabe e nivolumabe têm como alvo as proteínas PD-1 e PDL-1, respectivamente, o tratamento com essas drogas permite a inibição do controle imunológico e já vem sendo utilizado no tratamento de vários tipos de carcinoma.
No diagnóstico, o uso do eco-Dopler ao invés da ultrassonografia transretal para realização das biópsias de próstata permite uma melhor visualização da região a ser coletada. Para aumentar a precisão do eco-Dopler há uma técnica que envolve a injeção de um agente de contraste, porém seu uso ainda não foi definido.
A ressonância magnética melhorada e a multiparimétrica bem como variações de tipos de PET scan permitem a avaliação da extensão da lesão e auxiliam no diagnóstico de metástase para os linfonodos.
Testes genômicos analisam a expressão de proteínas e ativação de genes, determinando o potencial metastático, alguns deles são: Oncotype DX Prostate, Prolaris;ProMarke Decipher
Câncer de pênis
O carcinoma de pênis é um tumor raro e agressivo que assim como o câncer de próstata acomete, em sua maioria,adultos maduros, sendo mais incidente a partir dos 50 anos de idade. No Brasil, representa aproximadamente 2% dos tumores que atingem a população masculina. Norte e Nordeste são as regiões com maior frequência.
Há duas vias para o desenvolvimento deste tipo de carcinoma: A associada ao papilomavirus humano (HPV) (correspondendo a 1/3 dos casos) e a inflamação crônica, que pode ser associada ao líquenescleroso, por exemplo.
·Fatores de risco e prevenção
A má higiene íntima é um dos fatores mais associados, sabe-se também que homens que não foram submetidos à cirurgia de remoção do prepúcio têm maior propensão à doença. Tabagismo e histórico de infecção pelo HPV também podem ser apontados como fatores de risco.Visto seus fatores de risco, a prevenção do carcinoma de pênis se dá principalmente pela limpeza diária do órgão genital, principalmente após relação sexual ou masturbação, cirurgia de fimose e uso de preservativo.
· Diagnóstico e tratamento
Ulcerações e tumorações na glande, prepúcio ou corpo do pênis são os sintomas iniciais mais comuns, em alguns casos pode ocorrer uma secreção esbranquiçada (esmegma), à medida que vai evoluindo pode apresentar gânglios inguinais, indicativo de metástase.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), por não haver evidências científicas em relação aos benefícios da rastreabilidade, os exames clínicos, de imagem ou morfológicos são baseados na detecção precoce da doença.
O prognóstico e taxa de mortalidade são muito variáveis, a depender principalmente do diagnóstico precoce, infelizmente grande parte dos casos são descobertos tardiamente, muitas vezes por constrangimento do paciente ou desconhecimento e o tratamento cirúrgico de amputação parcial ou total acaba por ser inevitável. Quimioterapia e radioterapia também são alternativas diagnósticas utilizadas, dependendo do caso.
O tipo histológico mais comum do carcinoma de pênis é o escamoso/epidermóide, que corresponde a cerca de 95% dos casos, e é oriundo do epitélio não queratinizado da glande ou da camada interna do prepúcio, o exame anatomopatológico determina o tipo histológico e confirma o diagnóstico, através dele é traçado o protocolo de tratamento.
A reação em cadeia da polimerase (Polymerase Chain Reaction - PCR) e a captura híbrida também auxiliam no diagnóstico do câncer de pênis, pois identificam a presença do HPV na amostra. Os oncogenes E6 e E7 do vírus, inativam as proteínas p16 e p53, testes molecularessão capazes de detectar aperda dos alelos nas regiões 9p21 e 17p,que codificam os genes de supressão tumoral p16 e p53.
Na maioria dos casos o câncer de pênis causa dor.
Mito:As lesões provocadas pelo câncer de pênis geralmente são indolores ou pouco dolorosas em estágios iniciais.
O uso de preservativo impede 100% a transmissão do HPV.
Mito: O uso de preservativo é capaz de barrar em até 70% a transmissão pelo HPV, porém o vírus é transmitido através do contato dos epitélios com uma pessoa infectada, portanto não protege as áreas adjacentes do órgão sexual que ficam expostas. Ainda assim o uso do preservativo é sempre recomendado pois além de reduzir significativamente as chances de transmissão do HPV, é um método eficaz na prevenção de outras infecções sexualmente transmissíveis (IST).
Falta de cuidados com a higiene podem levar ao câncer de pênis.
Verdade: Um dos principais fatores de risco para o câncer de pênis é a falta de higiene íntima.
O câncer de pênis é mais comum em homens com fimose.
Verdade: homens que não foram submetidos à cirurgia de remoção do prepúcio têm maior propensão à doença
Apenas mulheres devem ser submetidas à vacinação contra o HPV.
Mito:O HPV tem uma grande relação com o desenvolvimento do carcinoma de pênis e outros tipos de câncer, é muito importante a administração da vacina em meninos também. No câncer de pênis, os subtipos de HPV mais associados, são: 16, 18, 31, 33, 45 e 56.
Confira os exames do portfólio DB para o diagnóstico do câncer de próstata e do câncer de pênis.
Referências
Instituto Nacional de Câncer: Câncer de Próstata. Disponível em:https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-prostata. Acesso em nov. 2020.
American Cancer Society: AboutProstateCancer. Disponível em: https://www.cancer.org/cancer/prostate-cancer/about/what-is-prostate-cancer.html. Acesso em nov. 2020.
Instituto Oncoguia.Novidades no Tratamento do Câncer de Próstata. Disonível em: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/novidades/1953/149/.Acesso em nov. 2020.
TANG C et al. Contemporaryprostate cancer treatment choices in multidisciplinary clinics referenced to national trends. Cancer 2020 Feb. 126 (3): 506-14.
PDQ Screening and Prevention Editorial Board. Prostate Cancer Screening (PDQ®). Health Professional Version 2020 0ct.
HAKENBERG OW et al. The Diagnosis and Treatment of Penile Cancer. DtschArztebl Int. 2018 Sept; 115 (39); 646-52.
ALBKRI A et al. Urinary Incontinence, Patient Satisfaction, and Decisional Regret after Prostate Cancer Treatment: A French National Study. Urol Int. 2018 Dec. 100 (1): 50-56.
MARCHIONI M et al. New insight in penile cancer. Minerva UrolNefrol. 2018 Dec; 70 (6): 559-69.
SALINAS CA et al. Prostate cancer in young men: an important clinical entity. Nat Ver Urol. 2014 Jun; 11 (6): 317-23.
WANICK FBF et al. Carcinoma epidermóide do pênis: estudo clínico patológico de 34 casos. An. Bras. Dermatol. 2011 Dec. 86 (6).