Teste de intolerância à lactose: vale a pena disponibilizar?
Publicado em: 24/07/2019, 13:25
A intolerância à lactose é um mal que atinge vários brasileiros. Também conhecida como deficiência de lactase, essa disfunção pode ser definida como a incapacidade de digerir produtos que possuem um açúcar específico encontrado no leite e em comidas lácteas.
O indivíduo que possui a intolerância deve optar por produtos que não possuem a lactose na sua composição. Alguns leites, iogurtes, chocolates, queijos, e outros, já possuem derivados especiais para aqueles que possuem a deficiência, mas preferem não deixar de consumi-los.
Alguns gestores ainda se perguntam se vale a pena incluir o exame na cartilha do seu laboratório. Neste artigo iremos apresentar as razões pelas quais vale investir na adição do exame!
Você já atendeu algum paciente que possui intolerância à lactose ou conhece alguém que vive com ela? Então continue a leitura e tire todas as dúvidas!
O que é intolerância à lactose?
Como dito anteriormente, a intolerância à lactose ocorre quando o organismo não consegue digerir esse determinado açúcar. A enzima responsável pela quebra da lactose é a lactase, sua função é quebrar as moléculas de lactose para, então, transformá-las em glicose e galactose dentro do intestino delgado.
Quando há uma deficiência da lactase, a lactose segue para o intestino grosso, onde é metabolizado por bactérias. Em partes, esse processo resulta na produção de gases, ocasionando um desconforto abdominal. Outros sintomas de quem vive com a intolerância são: cefaleia, diarreia, inchaços, dor abdominal, etc.
As causas da doença também deriva dos tipos de intolerância. Confira os três logo abaixo:
Intolerância à lactose primária
Durante os primeiros anos, o corpo produz enzima lactose em excesso, justamente pela fonte primária de nutrição que é o leite. Com o passar do tempo, a quantidade de lactase produzida vai diminuindo por conta da adição de novos alimentos na dieta. Esse declínio de lactase pode gerar uma intolerância à lactose. Ainda, após os primeiros anos de vida, a produção da Lactase é afetada pela suspensão do gene MCM6, sendo gradual essa queda.
Intolerância à lactose secundária
Esse segundo tipo de intolerância ocorre após alguma cirurgia, doença ou injúria que acarreta na diminuição de lactase produzida pelo organismo. O tratamento da condição intrínseca a esse tipo de intolerância pode resolver o problema. Alguns exemplos de doenças que resultam na intolerância à lactose secundária são a celíaca, gastroenterite e a doença de Crohn.
Intolerância à lactose congênita
Embora seja mais raro, bebês podem nascer com intolerância à lactose devido a deficiência total de lactose no organismo. Conhecida como "herança autossômica recessiva", ela é hereditária, ou seja, passada de geração em geração.
É preciso lembrar que a intolerância à lactose pode ocorrer em qualquer etapa da vida, por isso, é sempre importante direcionar os pacientes a fazerem exames periódicos, ou ainda nos casos que houver indicação e suspeita clínica avaliada pelo médico.
Ademais, ela não pode ser confundida com uma alergia, pois, aqui, não é o sistema imunológico que detecta o problema.
Quais são os dados da intolerância à lactose no Brasil
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha em 2018, mais de 53 milhões de brasileiros afirmaram sentir alguma indisposição estomacal ao digerir produtos com lactose. Esse número representa 35% da população com mais de 16 anos. As mulheres representam 59% dessa fatia, os homens, 41%.
Ainda de acordo com o Datafolha, 88% dos entrevistados relataram não buscar assistência médica para a confirmação do diagnóstico. Ou seja, o número de brasileiros que vivem com a intolerância pode ser ainda maior.
É estimado que 70% dos brasileiros possuem algum problema ao consumir produtos lácteos — que em números reais representam 146 milhões de pessoas —, mas apenas 15% apresentam sintomas de fácil reconhecimento.
Como o exame é realizado?
Existem dois tipos de exames para constatar a intolerância: de sangue e medição de hidrogênio. Em geral, eles são simples, realizados em poucas horas em laboratórios ou clínicas. Confira como os dois são realizados:
Por exame de sangue
Nesse exame, amostras de sangue são coletadas uma antes e outra depois da ingestão de uma solução padronizada de lactose.
Em pessoas que não apresentam intolerância à lactose, os níveis de glicemia, pós ingestão de lactose devem se elevar, ao menos, 20 mg/dL em relação ao valor basal da outra.
Teste molecular
O teste molecular detecta a intolerância por meio da presença das variações genéticas que determinam se o indivíduo possui alguma mutação no gene que codifica a produção da lactase. Seu resultado costuma sair em, aproximadamente, dez dias.
Com sua alta sensibilidade e especificidade, o teste molecular é realizado em amostra de sangue (através do método de PCR em tempo real) ou swab oral. para uma detecção da variante genética C/T – 13.910, presente no gene MCM6.
O polimorfismo LCT-13910C>T, não codificante, do gene MCM6, é identificado acima do lócus do gene que codifica a lactase, o LCT, encontrado no cromossomo 2q21. Essa variante apresenta associação bem estabelecida com a não persistência da lactase, estando o genótipo CC vinculado com a predisposição à intolerância à lactose, enquanto os genótipos TT e CT representam a manutenção da habilidade de digerir o carboidrato ao longo da vida.
Por que vale a pena disponibilizar o exame?
Aqui chegamos à conclusão que vale a pena disponibilizar o exame de intolerância à lactose, pois sua realização é simples, não sendo necessário, por exemplo, uma mudança física nos laboratórios.
Como é um uma desordem digestiva que afeta uma grande quantidade de brasileiros, é uma boa oportunidade expandir o número de pacientes atendidos.
Veja algumas dicas importantes para repassar aos pacientes que irão realizar os exames:
- crianças pequenas, de 1 a 4 anos, anos devem realizar apenas 6 horas de jejum;
- de 5 anos a mais é indicado 8 horas de jejum;
- no dia anterior aos exames, o paciente deve evitar alimentos que contenham couve, brócolis, sorvete e doces, além de bebida alcoólicas e uso de drogas (Não suspender o uso de nenhuma medicação sem o consentimento do médico prescritor. Informar o uso de medicações ao laboratório no ato do atendimento);
- é imprescindível também que o paciente não tenha realizado exame de colonoscopia há menos de 4 semanas.
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