Tudo o que você precisa saber sobre os linfomas
Publicado em: 11/09/2024, 11:16
Você já parou para pensar na importância do sistema linfático? Muitas pessoas não sabem, mas ele é uma parte vital do nosso corpo, desempenhando um papel central na defesa contra infecções e na manutenção da saúde geral.
Composta por uma rede de vasos, linfonodos, tecidos linfáticos, e órgãos como o baço e o timo, que trabalham juntos para realizar diferentes funções como o amadurecimento e transporte de células de defesa pelo corpo, combate a patógenos infecciosos, remoção de toxinas, resíduos celulares e outros materiais indesejados, sendo vital para defesa e manutenção do corpo humano.
No entanto, assim como qualquer outra parte do organismo, o sistema linfático pode ser suscetível a ameaças. O linfoma é uma delas, sendo um câncer que representa um risco significativo ao bem-estar por debilitar as defesas naturais e que pode espalhar-se por outras áreas.
Identificar os seus sintomas de maneira rápida faz toda a diferença, visto que esse câncer pode ser silencioso em suas fases iniciais, dificultando o diagnóstico. Hoje, vamos entender melhor o que são os linfomas, seus tipos e quais os sinais de alerta. Continue a leitura e saiba mais!
O que é o linfoma e quais os tipos existentes?
O sistema linfático transporta linfa, um fluido que contém glóbulos brancos, por todo o corpo, ajudando a eliminar patógenos infecciosos, resíduos celulares e toxinas. Quando ocorre o linfoma, há alterações nas células linfáticas, em especial nos linfócitos, que faz com que elas se multipliquem de maneira descontrolada.
Essa proliferação anormal pode levar ao aumento dos linfonodos e prejudicar a capacidade do corpo de combater infecções e doenças.
Existem dois grandes grupos principais de linfoma:
Linfoma de Hodgkin (LH)
Caracterizado pela presença, na maioria dos casos, de uma célula anômala que se origina a partir de um linfócito B e é chamada célula de Reed-Sternberg, tendo como características ser grande e distinta, podendo ser identificada através de uma biópsia dos linfonodos. É mais comum em adolescentes e jovens adultos (15 a 29 anos), mas também pode ocorrer em adultos e idosos. Seus subtipos são:
- Linfoma de Hodgkin Clássico (LHC): representa cerca de 95% dos casos de linfoma de Hodgkin e os seus subtipos mais comuns são esclerose nodular e celularidade mista.
- Linfoma de Hodgkin Nodular Predominantemente Linfocítico (LH-NPL): costuma ser raro representando 5% dos casos e apresentam variantes das células de Reed-Sternberg, tendendo a crescer mais lentamente.
Linfoma Não-Hodgkin (LNH)
É caracterizado por ser um grupo diverso de linfomas que podem se originar em diferentes tipos de células linfocíticas, como as células B e as células T. Entre estes, os linfomas de células B são os mais frequentes. O Linfoma Não-Hodgkin é mais comum do que o Linfoma de Hodgkin e pode ocorrer em qualquer idade, embora a maioria dos casos seja diagnosticada em pessoas acima dos 60 anos. Os subtipos do linfoma Não-Hodgkin podem ser classificados conforme as células onde se originam ou, mais frequentemente, classificados com base na velocidade de crescimento e comportamento.
Classificação conforme células onde se originam:
- Linfomas Não-Hodgkin de Células B: são os subtipos mais comuns, representando mais de 80% dos casos de LNH e podem ser classificados em diversos subtipos como Linfoma difuso de grandes células B, Linfoma folicular, Linfoma da zona marginal, Linfoma de células do manto, Linfoma de Burkitt e outros.
- Linfomas Não-Hodgkin de Células T: são subtipos menos frequentes, representando cerca de 15% dos casos de LNH e podem ser classificados em diversos subtipos como Linfoma de célula T linfoblástico, Linfoma de célula T cutâneo, Linfoma de células T periféricas, Linfoma anaplásico de grandes células e outros.
Classificação conforme velocidade de crescimento:
- Linfomas Indolentes: crescem lentamente e, em alguns casos, podem não precisar de tratamento imediato. Exemplo: linfoma folicular, Linfoma Linfoplasmocítico e Linfoma Linfocítico de Pequenas Células.
- Linfomas Agressivos: se desenvolvem rapidamente e exigem tratamento imediato. Exemplo: linfoma difuso de grandes células B, linfoma de Burkitt e linfoma linfoblástico.
Como identificar os linfomas?
Reconhecer os sintomas dos linfomas é desafiador, pois eles são frequentemente confundidos com outras doenças menos graves. Porém, alguns sinais merecem a sua atenção:
- Inchaço e aumento indolor dos linfonodos, principalmente no pescoço, axilas ou virilha;
- Febre e suor noturno;
- Perda de Peso inexplicável;
- Fadiga persistente, sensação constante de cansaço e falta de energia;
- Manifestações na pele como coceiras e manchas vermelhas (eritema).
O linfoma foi confirmado. O que fazer?
Os tratamentos do linfoma variam dependendo do tipo específico, estágio da doença e saúde geral do paciente, por isso é tão importante o diagnóstico e classificação exata do tipo de linfoma. Independentemente do tipo de tratamento, todos possuem o mesmo objetivo principal: eliminar o câncer, controlar seu crescimento e aliviar os sintomas. Os principais incluem:
- Quimioterapia
Aplicação de medicamentos poderosos que destroem as células cancerosas ou impedem seu crescimento. Esses fármacos podem ser administrados por via oral ou intravenosa, e muitas vezes são dados em ciclos para permitir que o corpo se recupere entre as doses. Os esquemas quimioterápicos disponíveis atualmente são muito eficazes no tratamento de linfomas e podem ou não ser associados a imunoterapia ou radioterapia.
- Radioterapia
Utiliza radiação de alta energia para destruir células cancerosas em áreas específicas do corpo, tratando linfomas localizados, onde o câncer está restrito a um ou poucos linfonodos. Muitas vezes é preciso associar esquemas de radioterapia com a quimioterapia, dependendo do estadiamento do linfoma.
- Imunoterapia
Também conhecido como terapia biológica, este é um tratamento que estimula o sistema imunológico do paciente a combater o câncer utilizando principalmente anticorpos monoclonais e Células CAR T (Receptor de Antígeno Quimérico de Células T), que atuam para atingir e destruir células que têm um antígeno específico na superfície.
- Transplante de células-tronco
Indicado para casos em que o linfoma é resistente ao tratamento inicial ou reincide após a remissão. Envolve altas doses de quimioterapia ou radioterapia para destruir as células cancerosas, seguidas pela infusão de células-tronco saudáveis que podem regenerar a medula óssea. As células-tronco a serem transplantadas podem ser de origem autóloga, isto é, são utilizadas as células-tronco do próprio paciente, ou alogênica, isto é, são utilizadas as células-tronco de um doador saudável.
- Terapias-alvo
Atacam diretamente alvos específicos presentes nas células cancerosas, bloqueando o crescimento e a disseminação do câncer e auxiliando a destruição das células anômalas. Ao contrário da quimioterapia, que afeta tanto as células cancerosas quanto as normais, elas têm como foco moléculas específicas envolvidas na carcinogênese, minimizando os danos às células saudáveis.
Confira também nossos conteúdos sobre onco-hematologia, análise genética de tumores e câncer hereditário.
Fique atento à sua saúde!
O linfoma é uma doença séria. Porém, por meio do diagnóstico precoce, é possível aumentar consideravelmente as chances de sucesso do tratamento e manter o seu bem-estar sempre em dia.
Procure acompanhamento médico ao perceber qualquer sinal estranho e continue aprendendo aqui em nosso blog.
Referências:
Abrale. Linfomas. Disponível em: https://abrale.org.br/doencas/linfomas/.
Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Saúde reforça conscientização e combate ao linfoma. 2022. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/agosto/ministerio-da-saude-reforca-conscientizacao-e-combate-ao-linfoma.
INCA - Instituto Nacional de Câncer. Linfoma de Hodgkin. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/linfoma-de-hodgkin.
A.C. Camargo Cancer Center. Linfoma de Hodgkin. Disponível em: https://accamargo.org.br/sobre-o-cancer/tipos-de-cancer/linfoma-de-hodgkin.
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Oncoguia. Transplante de células-tronco para linfoma não-Hodgkin. Disponível em: https://www.oncoguia.org.br/conteudo/transplante-de-celulastronco-para-linfoma-nao-hodgkin/7781/311/.