Vacina contra dengue: um guia completo sobre a Qdenga®
Publicado em: 18/06/2024, 10:24
A dengue continua sendo um problema de saúde pública significativo no Brasil. Nos primeiros quatro meses de 2024, o número de casos prováveis de dengue atingiu 3.852.901, com 1.792 óbitos confirmados e 2.216 mortes em investigação.
Embora o Distrito Federal e dez estados apresentem uma tendência de queda nos registros da doença, outras regiões, como Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Sergipe e Tocantins, continuam vendo um aumento nas ocorrências.
Diante desse cenário preocupante, a introdução de uma nova vacina, a Qdenga®, oferece uma nova esperança para o controle da doença. Este artigo fornecerá um guia completo sobre essa vacina inovadora. Continue a leitura.
O que é a dengue?
A dengue é uma doença infecciosa transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. Ele é altamente adaptado ao ambiente urbano e é encontrado em quase todas as cidades do Brasil. Existem quatro sorotipos do vírus da dengue (DEN1, DEN2, DEN3 e DEN4), que circulam com variação anual.
A doença tem um período de incubação de quatro a dez dias e os sintomas podem variar, desde uma febre leve até formas graves, incluindo hemorragias, com taxas de letalidade superiores a 50%. Atualmente, não há um tratamento específico para a dengue, e o manejo é baseado no reconhecimento dos sinais de alarme e no tratamento dos sintomas.
Qdenga: conheça tudo sobre a vacina contra a dengue
Reunimos aqui as principais informações sobre a Qdenga®. Acompanhe:
Como foi criada a vacina?
A Qdenga® foi desenvolvida por meio de uma parceria que já dura mais de 15 anos entre o Instituto Butantan e os Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês), dos Estados Unidos.
Os estudos que levaram a essa colaboração internacional começaram no final dos anos 1990, quando o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID), do NIH, iniciou testes com diversos candidatos a vacinas para cada um dos quatro sorotipos do vírus da dengue.
Após 10 anos de pesquisa, os cientistas identificaram os melhores candidatos para criar uma vacina tetravalente. Em 2009, o NIH transferiu as patentes das cepas ao Instituto Butantan, vinculado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, para que desenvolvesse a vacina no Brasil.
A equipe liderada pela pesquisadora Neuza Frazatti Gallina passou quatro anos e realizou mais de 200 experimentos para criar a versão final da vacina para testes em humanos.
Qual é a composição da vacina e como ela atua?
A Qdenga® é composta de vírus atenuados dos quatro sorotipos da dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4). A tecnologia de DNA recombinante utilizada na produção da vacina possibilita que ela simule a infecção natural, estimulando o sistema imunológico a produzir uma resposta protetora sem o risco de desenvolver a doença.
A vacina contra a dengue passou por testes?
Sim, a Qdenga passou por extensos testes clínicos. Os resultados mostraram que ela é eficaz em 69,8% dos casos contra a dengue tipo 1; 95,1% contra a dengue tipo 2; e 48,9% contra a dengue tipo 3. Devido ao número insuficiente de casos, a eficácia contra a dengue tipo 4 não pôde ser avaliada.
A vacina também demonstrou uma eficácia de 84,1% na prevenção de hospitalizações por dengue, com proteção similar entre soropositivos (85,9%) e soronegativos (79,3%).
Para quem a vacina é indicada?
É recomendada aplicar em indivíduos imunocompetentes de 4 a 60 anos, independentemente se foram expostos à doença ou não, e não requer teste pré-vacinação.
Quem não pode tomar a Qdenga®?
‒ Pessoas com hipersensibilidade a qualquer componente da formulação ou após dose anterior de Qdenga®;
‒ Pessoas com imunodeficiências primárias ou adquiridas, incluindo terapias imunossupressoras;
‒ Pessoas com HIV sintomáticas ou assintomáticas com função imunológica comprometida;
‒ Gestantes;
‒ Mulheres amamentando lactentes de qualquer idade.
A vacina é eficaz contra todos os tipos de dengue?
A eficácia global da Qdenga® contra infecções varia de 60% a 80%, enquanto diante de formas graves é de 85% a 90%. Para aqueles que já foram infectados anteriormente, a vacina oferece uma proteção adicional nas formas graves da doença.
Quais são as reações adversas?
Os efeitos adversos mais comuns são leves e incluem cefaleia, dor no local de aplicação, mal-estar e dor muscular. Febre pode ocorrer até 14 dias após a vacinação, sendo menos frequente nas doses subsequentes.
Quantas doses são necessárias?
A Qdenga® é administrada em duas doses, com um intervalo de três meses entre elas. Não há recomendação de doses de reforço.
Informação e inovação a favor da saúde
A introdução da vacina Qdenga® representa um avanço significativo no combate à dengue no Brasil. À medida que a vacinação se torna disponível, espera-se uma redução significativa nos casos e na gravidade da doença.
Continue acompanhando o nosso blog para mais atualizações sobre a dengue e outras questões de saúde pública.